23/11/2022 às 13:10

O Dia da minha Primeira Morte

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Foi o dia mais feliz da minha vida! 

E um dos mais difíceis, tenho que confessar. Tomada pela ansiedade, desisti de esperar o parto normal, e caí na cesárea eletiva. Errei na mala de maternidade, errei ao não me programar sobre quem viria nos ajudar, ou talvez tenha sido melhor assim.


Antes de ir para a cirurgia, meus peitos já derramavam amor líquido, em forma de leite. Precioso! Se anunciava a chegada dela! E a minha partida…


Lá, anestesiada, deitada, com meu companheiro ao lado, ri e brinquei com a equipe médica. Tudo tão tranquilo quanto poderia ser.


Um evento rápido, alguns minutos, e ela estava lá: Viva, saudável, cabeluda e com um pulmão forte desde sempre!


Minha filha nascera, e eu, aquela eu de vinte e poucos anos, com sono em dia, com skincare em dia, com tempo livre em dia, se fora.


Eu não entendi na hora. Levei meses pra entender que eu não era mais a mesma. E que aquela versão de mim havia dito adeus naquele dia. Tentando me reencontrar, procurando a velha eu, cortei o cabelo, mudei o visual… Resultado? zero.


Não tive o luto apropriado por mim mesma, afinal de contas não entendia essa passagem, esse adeus à velha Gaby, e que agora nasceria uma nova Gaby. Aos poucos. Bem aos poucos. 


Renascer não é fácil, ainda mais quando não temos consciência de que esse movimento está acontecendo.


Renascer, ou se reinventar, não é um evento isolado apenas ao nascimento de um filho, mas acontece em diferentes fases da vida, normalmente em fases intensas, e que pedem por uma reconstrução de nós mesmas.


Quando a Nina nasceu, aquela Gaby de 2019 se foi. Eu a amava! Nossa, e como a amava! Quando entendi que estava renascendo, as coisas começaram a ficar mais claras, e este meu encontro com a nova eu se tornou mais tangível, mais real. E é claro, mais fácil, se é que podemos usar essa palavra, rsrs!


Eu renasci, e a versão Gaby mãe, empresária, esposa… de 2019/2020 foi se formando aos poucos. Pensei em um momento no início de 2022 que agora estava tudo resolvido: Eu tinha mais autoconhecimento, estava adaptada à vida de mãe/empresária/esposa, e demais atribuições. Pronto.


E daí, quando eu não estava preparada (nem de longe, por sinal) a calmaria se torna tempestade novamente. Por alguns meses, questões pessoais me desestabilizaram, me tiraram do meu eixo. Depois de meses de terapia, depois de muitos acontecimentos, recebo diagnóstico de algo que afeta meu corpo, minha mente, meu funcionamento, meu humor. Que estava afetando meus relacionamentos interpessoais com todos a minha volta, inclusive afetando meu maternar.


E neste dia eu morri, pela segunda vez.

Ali houve luto, ali houve choro. Houve a compreensão de que a Gaby que era, já não poderia mais ser, e de que eu precisaria me reinventar, se quisesse saúde. Saúde física, mental, emocional, financeira.


E cá estou eu, novembro de 2022, no meu segundo renascimento (curiosamente a poucos dias do meu aniversário de 28 anos).


Todos estes movimentos de vida tem me feito consciente de algo precioso, e que faz a vida, e os momentos de renascimento, serem mais leves para mim:


Vamos morrer (metaforicamente) muitas vezes, enquanto vivermos.


Aprender a se despedir de uma versão de si mesma é essencial. Faz parte de um processo natural, de ciclos. Quando estamos abertas para o nascimento do “novo eu”, o adeus ao antigo eu se torna menos pesado, menos doloroso.


Minha cara leitora, se você está vivendo o puerpério nesse momento, entenda: Pode ser doloroso, sofrido e difícil dar adeus à antiga você neste processo intenso que está vivendo. Mas encarar isso tudo de frente, deixa essa fase do jogo mais fácil.


Talvez seja a primeira vez que a gente passa por esse renascimento na vida, justo no nascimento de um filho, mas eu acredito que não será a última.


Como vamos olhar para esse momento? Como vamos viver essa renovação de nós mesmas?


Cabe a cada uma de nós.


Eu escolho me despedir com muito carinho e gratidão da mulher que fui, e abraçar com carinho e dedicação a mulher que estou me tornando nesta nova fase.


Que seu renascimento seja lindo, e que você aprenda a viver com intensidade cada fase da sua vida. 


Carinhosamente, sua fotógrafa, Gabriely Willms



23 Nov 2022

O Dia da minha Primeira Morte

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fenix luto maternindade puerpério renascer

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